domingo, 29 de janeiro de 2017

Tradição e família e Nação!




Não pensei que fosse viver um tempo neste nosso Brasil em que o ódio fosse a sudorese do governo. Que um país de história tão bonita, fruto da luta de gerações, que deu exemplos de solidez, de unificação, de integridade territorial, de respeito às pessoas, independentemente de sua pele ou credo político, fosse sair copiando sistemas políticos eivados de violência e culturas caudilhescas mais afeitas ao pior do século XIX, do que ao XXI.
Um país que se envergonha de seus mortos enquanto os outros reverenciam aqueles que os mataram. Um país que comemora a ‘independência’ da América do Sul, quando um Vice-Reinado espanhol se dividiu em dezenas de republiquetas típicas do mandonismo rural, lutando entre si como repúblicas, mas não democraticamente, pois os governos eram apeados constante e regularmente por 'pronunciamentos'. Tudo em meio a degolas, saques, roubos e perseguição severa e dura aos adversários. É disso que eles se orgulham?
O Brasil, ao contrário, manteve-se, de modo geral, um Império progressista, sob a égide de uma Monarquia Parlamentarista, mesmo quando sob regência do Rei menino. País que, ao invés de assistir atônito às diversas guerras civis localizadas, conclamou seus cidadãos à concórdia, ao trabalho coletivo e ao bem comum. E conseguiu!
 Na segunda metade do século XIX, o Brasil corria lado a lado com os Estados Unidos, mesmo considerando as flagrantes diferenças geográficas que favoreciam ou impediam o progresso de um ou outra dessas nações.
Telégrafo, fotografia, cabo submarino, estradas de ferro, estaleiros, frota marítima, consolidação e acerto diplomático das fronteiras, respeito à nacionalidade brasileira, tudo acontecia num mesmo e decisivo momento.
O regime político único e diferenciado na América do Sul, sendo monárquico constitucional, jamais sofrenou a participação do Brasil no auxílio aos republicanos do resto da América quando solicitado e em prol das liberdades democráticas básicas e fundamentais, como a liberdade de expressão, de reunião e da propriedade. O Brasil sempre lutou contra as tiranias, viessem elas de qualquer lado. É só olhar para a História.
Negou-se o Império brasileiro, no entanto, e peremptoriamente, a fazer parte de conluios e lutas políticas para apoiar ou avalizar 'quarteladas', ou tentativas revolucionárias de derrubadas de outros regimes em países vizinhos, a não ser para defesa prospectiva de sua própria integridade territorial.
Destarte, heróis militares e civis como San Martin, O'Higgins, Bolivar, Sucre e Marti, que merecidamente os são para os países oriundos da América Espanhola, nunca foram heróis para os brasileiros, pois não poucas vezes foram mesmo inimigos declarados do Brasil, tudo fazendo para dividi-lo em tantos pedaços quanto tinham sido os antigos territórios espanhóis. Era vital para eles que o Gigante brasileiro fosse desconjuntado e entregue em mãos de quem não o amava e respeitava como Pátria. Ainda é!
E, atualmente, andamos puxados pelo beiço por gente sem 'eira nem beira', por arrivistas e golpistas, arrastando-nos sobre os joelhos, cabisbaixos! Desmoralizados por gente 'sem tradição' e 'sem família'!?
Certo dia, quando o PT dava as cartas e jogava de mão, fiquei aparvalhado ao ler o 'elogio fúnebre' de uma senhora dizendo-a grande e boa pessoa, apesar de ser de uma 'família tradicional'. Nem há o que comentar tão baixo e ideologicamente defasado no tempo é a linha de pensamento de quem o escreveu, ao menos para pessoa como eu
Lutei toda uma vida para ser um homem decente; descendo de 'famílias tradicionais' de quase todos os costados; 'tradicionais' por terem princípios, por terem honra, por não roubarem o alheio, por não compactuarem com gente que não presta (sejam filhos ou parentes chegados, não interessa). Tenho orgulho de quem descendo, e eles devem ter orgulho deste seu descendente onde estiverem.
O que talvez me faça diferente de outro é que eu conheço as vidas, alegrias e tristezas de meus antepassados. Descendo de gente que também perdeu batalhas, mas nunca foi derrotada. Sabem como eu as conheço? Porque as estudei, as pesquisei, interessei-me por elas, para poder conhecer de onde e de que tipo de gente eu descendia. Poderia, assim, aperfeiçoar-me ao saber dos genes dominantes ou recessivos de minha herança genética. Descendo de gente que me ensinou o respeito aos outros, fosse quem fosse, sem considerar para tanto a maneira como se vestia ou a importância de sua morada, ou o ajaezado do cavalo que montava, ou, presentemente, o tipo de carro que dirige.
Fui criado em meio à diversidade social que existe no Brasil, e ensinado que não era o ter que fazia um bom homem, mas o ser. Acostumei-me a considerar velho pensamento de um filósofo estoico romano: "se é maravilhoso o homem que come num prato de barro como se fosse de ouro, é igualmente maravilhoso o homem que come num prato de ouro como se fosse de barro".
Isto é ser de 'família tradicional', mas deve ser entendido que só é 'tradicional' porque é conhecida de seus próprios membros. Algumas nunca serão, por mais poder que possuam momentaneamente, por mais dinheiro que acumulem.
Meu finado Pai, que Deus o tenha em bom lugar, a quem tanto devo como personalidade, sempre dizia para os filhos, de maneira que parece simplista, mas que é profundamente pragmática: "só existem dois tipos de homem na sociedade: 'gente bem' e 'bagaceira', e dinheiro, cargos e posição social nada tem a ver com isto!"
Isto é Tradição, o resto é inveja e despeito.