Interessante! O ministro Teori, do Supremo Tribunal Federal,
morto há pouco tempo atrás, em lances cheios de polêmicas e de suspeitas de
todo o tipo, a par do fato de ser o Relator da Operação Lava-Jato e responsável
pela homologação da confissão dos crimes de corrupção de cidadãos de Primeira Linha
e Qualidade, seres com tratamento jurídico especial – o Foro Privilegiado - que
se coaduna com os direitos e privilégios da casta a que pertencem, a Casta Política, já foi
esquecido e posto de lado, pelo jeito, muito convenientemente.
Num país onde as novelas mantêm milhões de pessoas alienadas
pelas tramas ficcionais, um caso como o acontecido, com pérolas circunstanciais
temperando-o, não poderia ter sido posto de lado.
Que não fosse pelo fato de um dos falecidos ser homem
público altamente qualificado em um dos Poderes Institucionais do país, em
momento de supina importância na história, quando mais de 200 políticos – a
maior parte cumprindo mandatos eletivos ou servindo ao governo – são denunciados
por executivos da maior empreiteira do Brasil, a Odebrecht – como recebedores
de propinas, assaltantes dos cofres nacionais, corrompendo leis e normas que
obrigam aos outros – os párias – a cumprir. Coisas de filme B, de quinta
categoria, enredo manjado, corriqueiro e sem novidade nessa terra de ladrões.
Que não fosse por isso, até entendo, lembrando que o uso do cachimbo entorta a
boca.
Mas deixar passar sem comentários o fato de um magistrado
cuja profissão obriga a ‘conduta ilibada’ na vida privada (contrapartida de
seus ganhos mensais no serviço público) estar indo passar um feriado na mansão
da ilha de um “enrolado” em investigações, sendo que a própria ilha e mansão
estavam sob suspeita de posse ilícita, cujo julgamento estaria afeito ao tribunal
superior do qual ele – o magistrado – era membro?
Deixar escapar pelo ralo a presença de duas mulheres – uma delas,
ao menos, prestadora de serviços fora de hora, ao que parece, e muito bonita – no
avião particular do empresário de hotelaria, digamos, especial, como era voz
corrente, que albergava as reuniões dos ladrões do dinheiro do contribuinte na
discussão e acertos de seus malfeitos? Se qualquer uma das mulheres estivesse “acompanhando
o juiz superior, nada demais, a não ser a sua total desconsideração aos
preceitos legais de “conduta ilibada” isto é, sem jaça. Num país decente com um
Judiciário não venal, estar fazendo-se acompanhar de uma “profissional de entretenimentos
na horizontal” seria o bastante e o suficiente para exonera-lo de servir ao
povo brasileiro, ainda mais na Corte que interpreta a lei maior da república –
a Constituição.
A falta de vergonha na cara das incompetentes autoridades do
país, a ausência acachapante de dignidade pessoal dos seres políticos dessa
nação – com raríssimas exceções –, o sepulcral silêncio de instituições que já
foram o aval da democracia nacional, como as Forças Armadas, ao invés de se porem de sobreaviso
demonstrando preocupação com a possibilidade de respingar sujeira nas vestes
alvas dos que governam o País, fizeram cara de paisagem, assobiaram para
disfarçar, auxiliando em causar confusão e criar informações para que nada ultrapassa-se
de onde estava, pouco preocupados em impedir que se enodoassem as já encardidas
reputações de qualquer dos Poderes.
Ao contrário, como se num palco, postaram-se com caras
compridas, falsamente compungidas, a endeusarem mais um, elevado ao Olimpo dos
mortos brasileiros, ceifados pela equalizadora, como acontecera anteriormente
com Getúlio Vargas, João Goulart, Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, Eduardo
Campos e muitos outros. Mas, é claro, um Olimpo temporário, falso como carros
alegórico, pois é um componente das mentiras e trapaças da casta política para
servir de engodo e lograr a boa-fé dos humildes e ignorantes.
Esqueceram o defunto, e ele nem teve tempo de apodrecer totalmente
em sua tumba. Não sei se ele repousa em paz – que Deus permita – porque aqueles
que ficaram respiram em paz, aliviados.
A ‘Res publica’ está podre e vai empestar todo o cesto onde
se encontra o povo brasileiro, a não ser que, pela graça de Deus, inspirem-se
alguns e o salve novamente, como aconteceu em 1964, no impulso inicial das
tropas saídas da tradicional Minas Gerais sob o comando do bravo General
Olímpio Mourão Filho.