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Algo preocupante na campanha presidencial
Há algo muito preocupante nessa campanha à presidência do Brasil, para um cidadão que tem sessenta anos de idade, viu de tudo um pouco, assistiu a mudanças políticas radicais, a tentativas ingênuas de transformação do sistema político, a criação de mitos e lendas na consecução de novos mandatários, aos esgares raivosos de um cão defendendo o seu quinhão de comida.
É preocupante o desinteresse sobre os destinos da nação, bem como é preocupante a tendência de fortes setores – inclusive bancários e empresariais – em flertar com regimes de exceção, de “exceção democrática”, como foram o de Hitler e o de Mussolini, algumas décadas atrás. Ambos também dependiam do apoio financeiro desses setores no financiamento de suas campanhas eleitorais. Parece que já esqueceram de que os dois citados sempre foram homens de partido (na realidade, tornaram deles os partidos que os elegeram). Valeu enquanto ganharam, mas não esqueçam de que suas bandeiras partidárias ficaram rotas e amarfanhadas quando perderam o poder.
Noto justamente isso atualmente. Os setores que possuem poder decisório no governo, e que abertamente escolheram, apontaram e apóiam um candidato, sabem que não podem perder as eleições. Não podem permitir que outros, que não os de casa, tenham acesso ao sótão e aos porões da ditadura de colegiado que tentaram implantar, e da qual ainda não desistiram. Falar de cobras e lagartos seria pouco. O Poder Executivo criou um sistema de proteção interna que permitiu – e facilitou enormemente – o descalabro com o dinheiro público. Nunca antes na história desse país houve tal descarada mistura entre o público e o privado. Gente muito despreparada para gerir os interesses nacionais usou de maneira torpe o poder que lhe foi entregue para dispensar benesses aos apaziguados, aos partidários do esbulho, aos colegas de malversação, a todos aqueles com quem ‘reparte o pão’. Assim, não pode admitir uma devassa em seus livros, uma auditoria em suas operações, uma abertura de suas contas. Isto destruirá não somente a imagem fictícia de suas lideranças, mas trará máculas indeléveis á malfadada, terrífica e equivocada política ‘bolivariana’ (pobre Bolívar, que se negou a ser ditador), e à qual a atual política exterior nacional – decadente, ingênua, e despreparada – rende homenagens e se curva. A débâcle do atual governo brasileiro terá a força destrutiva de um ‘tsunami’ em um primeiro momento, e, em sua regressão obrigatória, irá levar de volta ao mar da mediocridade, todo um sistema artificialmente montado na América Latina, cujos alicerces se enterram na lama da corrupção e cuja estabilidade lembra a mesma das palafitas.
De onde, a indiferença na má atuação de seus candidatos. Não esperam ganhar nas urnas, sabem que não ganharão. Sabem que é preciso fazer algo, e urgentemente. De qualquer forma uma coisa é básica: deve ser mantida a ilusão de que, de uma para outra hora, os índices de aprovação da candidatura apoiada pelo governo subirão às alturas. Para isto, vale tudo: as pesquisas fajutas, as entrevistas com ‘especialistas’ políticos, as previsões de repasse de popularidade, a pressão sobre os meios de comunicação, e diversos outros. Tem que ser mantida uma ‘chance’ de vitória da candidatura ungida oficialmente para que não cause surpresa uma virada ou resultados inesperados.
Há algo de muito estranho nessas eleições presidenciais. Apelo, portanto, para um velho ditado: “Caldo de galinha e prudência não fazem mal a ninguém!”
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