O Rio Grande do Norte, o caminho do desenvolvimento e o afastamento do Bolsa Família
Eu me criei, na juventude, e na primeira idade adulta, numa terra aonde os pequenos e médios proprietários tinham como ganhar dinheiro com suas terras, mesmo que exíguas em tamanho. E não estou falando de cooperativismo, mas a uma época anterior à adoção deste sistema, no Rio Gra...nde do Sul. Terra de imigrantes, pobres, lavradores, que vinham de uma Europa, no século XIX, onde estavam morrendo de fome.
Ao chegarem ao Rio Grande, é obvio e compreensível, que não tenham recebido as melhores terras, já ocupadas pelo mundo da pecuária. Desbravaram as serras, no topo das quais estavam as suas datas, construíram seus ranchos, mataram onças e lutaram contra os bugres, indígenas guaranis que da civilização só tinham tomado os desacertos e os vícios, infelizmente.
Passados dezenas de anos amansaram suas terras, que eram férteis, construíram as casas permanentes, de madeira e se aculturaram profundamente na terra gaúcha.
Alguns aspectos agrícolas, tirando o trabalho árduo, foram responsáveis pelo sucesso daquelas populações transplantadas de tão longe: a uva, o trigo e a soja.
A uva porque conheciam o seu plantio e o gerenciamento de suas parreiras, mesmo que os locais em que as plantavam não fossem os mais recomendáveis para a fruta. As melhores terras são as planícies temperadas e abrigadas dos ventos, mas estas já estavam ocupadas anteriormente. A produção de vinho foi uma decorrência desta cultura.
Depois, o trigo, planta apropriada para aqueles que haviam ocupado os planaltos cheios de matas, no lugar das quais ele vicejou maravilhosamente bem.
Modernamente existe a soja, uma “commoditie” de alta produtividade e mercado mundial.
Esqueçamos a uva, por ser um trabalho que exige técnica especializada, que não é de domínio de todos, mas vejamos trigo e soja.
Ambos possuem características socioeconômica muito similares, em que pese as diferenças de suas utilizações, como segue abaixo:
- podem ser plantados e são economicamente lucrativos em pequena, média ou grande propriedade;
- são produtos de mercado permanente e de demanda constante e regular;
- são produtos que suportam estocagem, permitindo que a venda somente se realize nos melhores momentos do mercado;
- a produtividade dessas culturas é razão direta do cuidado com elas, favorecendo o controle dos custos variáveis;
Fica evidente que os produtos acima delineados possuem qualidades que os transformam em excelentes produtos agrícolas, independentemente das quantidades plantadas. Qualquer cultura, portanto, que apresente as mesmas características é especialmente ideal para lugares de pequena e média propriedade, pois são estes lugares que precisam de uma planta que dê lucro razoável em relação ao esforço dispendido, permitindo que o agricultor a cada dia melhore seu padrão de vida.
É o caso do interior do Rio Grande do Norte!
Infelizmente é economicamente inviável o plantio do trigo e da soja, no Rio Grande do Norte, ao menos por enquanto, por questões de clima e solo desfavoráveis.
Digo, por enquanto, porque já foi desenvolvida uma variedade de soja chamada “soja tropical”, resistente às secas e muito bem sucedida na Bahia; no entanto, lá o solo é profundo.
Existe uma cultura agrícola com estas características que já foi plantada no Rio Grande do Norte: o algodão. De tal sucesso que a literatura o trata como “lavoura-dinheiro” ou “ouro branco”.
Esta especialidade agrícola estava mudando o interior semi-árido, pois dava condições a que qualquer sertanejo, com alguns hectares de terra, pudesse produzir a sua rama de algodão, a lhe proporcionar renda extra.
O algodão ainda tem outras vantagens para o pequeno agricultor: pode ser vendido na própria lavoura, isto é, o comprador vem buscar no local em que se encontra, embora não apresente grandes problemas de transporte.
Ademais, o algodão precisa ser beneficiado em um primeiro momento, por indústrias beneficiárias de descaroçamento ou por cooperativas dos próprios agricultores, como é muito usado no sul do país, em algumas culturas.
Não vamos chover no molhado para demonstrar que a capacidade de gerar produtos rentáveis em pequenas e médias propriedades é a chave para o desenvolvimento correto e sustentável de uma região. A renda do pequeno agricultor gera comércio de mantimentos e comércio de serviços. O surgimento das cooperativas melhorará a produtividade e a classificação dos produtos mediante o uso de máquinas e a seleção de sementes.
Pois não é que em um dado momento, no passado, o surgimento de uma praga chamada popularmente de 'bicudo' inviabilizou o cultivo de algodão no Estado!
Quem fala hoje em algodão no Rio Grande do Norte?
Que político busca se comprometer para buscar uma solução visando o retorno do “ouro branco”? Dando renda e dignidade aos sertanejos e valorizando as terras deles, hoje secas e sem utilidade?
O algodão é uma planta de semiárido. Teríamos, ao lado do ouro negro do petróleo, o ouro branco da pluma do algodão, sendo que este último é um grande distribuidor de riqueza entre a população menos favorecida, mas trabalhadora. Herculeamente trabalhadora!
Esta deveria ser a proposta de Bolsa Família: o uso da capacidade do Estado em resolver uma questão agrícola que permitirá ao agricultor, por menor que seja, recuperar a sua capacidade de gerar renda, e ganhos, e crescer, e melhorar de padrão de vida e proporcionar aos seus filhos melhores chances no futuro.
Fiquem certos de uma coisa: não há futuro para quem perdeu sua dignidade, e não há dignidade em um pai que não consegue sustentar sua família.
Se ele, o pai, perdeu a capacidade, que o Estado o ajude a reconquista-la; e não a substitua por uma esmola mensal.
Fica claro que o Estado atual, ao instituir o Bolsa Família, está comprando a dignidade de um pai sertanejo, e este se vende porque o Estado – a classe política - não cria outra alternativa.
O Rio Grande do Norte necessita de um governo que use o seu poder e a sua capacidade para desenvolver estudos científicos “in loco” e descobrir maneiras de recuperação de uma planta que é o tesouro do nordeste, criando e incentivando e desenvolvendo empresas técnicas de agricultura, tipo EMBRAPA, mas, estadual e ligada aos problemas locais, bem como cursos técnicos de agricultura.
Não há outra solução!
Sabem por que isto tudo não acontece? Sabem por que nenhum político está atrás de reencontrar o caminho da riqueza e da fartura neste Estado?
Porque não interessa a eles que o povo aprenda, que prospere, ou se instrua, ou cresça como cidadão, ou se desenvolva. Se fizerem tal coisa, o curral eleitoral deles definhará definitivamente para sempre!
Eu me criei, na juventude, e na primeira idade adulta, numa terra aonde os pequenos e médios proprietários tinham como ganhar dinheiro com suas terras, mesmo que exíguas em tamanho. E não estou falando de cooperativismo, mas a uma época anterior à adoção deste sistema, no Rio Gra...nde do Sul. Terra de imigrantes, pobres, lavradores, que vinham de uma Europa, no século XIX, onde estavam morrendo de fome.
Ao chegarem ao Rio Grande, é obvio e compreensível, que não tenham recebido as melhores terras, já ocupadas pelo mundo da pecuária. Desbravaram as serras, no topo das quais estavam as suas datas, construíram seus ranchos, mataram onças e lutaram contra os bugres, indígenas guaranis que da civilização só tinham tomado os desacertos e os vícios, infelizmente.
Passados dezenas de anos amansaram suas terras, que eram férteis, construíram as casas permanentes, de madeira e se aculturaram profundamente na terra gaúcha.
Alguns aspectos agrícolas, tirando o trabalho árduo, foram responsáveis pelo sucesso daquelas populações transplantadas de tão longe: a uva, o trigo e a soja.
A uva porque conheciam o seu plantio e o gerenciamento de suas parreiras, mesmo que os locais em que as plantavam não fossem os mais recomendáveis para a fruta. As melhores terras são as planícies temperadas e abrigadas dos ventos, mas estas já estavam ocupadas anteriormente. A produção de vinho foi uma decorrência desta cultura.
Depois, o trigo, planta apropriada para aqueles que haviam ocupado os planaltos cheios de matas, no lugar das quais ele vicejou maravilhosamente bem.
Modernamente existe a soja, uma “commoditie” de alta produtividade e mercado mundial.
Esqueçamos a uva, por ser um trabalho que exige técnica especializada, que não é de domínio de todos, mas vejamos trigo e soja.
Ambos possuem características socioeconômica muito similares, em que pese as diferenças de suas utilizações, como segue abaixo:
- podem ser plantados e são economicamente lucrativos em pequena, média ou grande propriedade;
- são produtos de mercado permanente e de demanda constante e regular;
- são produtos que suportam estocagem, permitindo que a venda somente se realize nos melhores momentos do mercado;
- a produtividade dessas culturas é razão direta do cuidado com elas, favorecendo o controle dos custos variáveis;
Fica evidente que os produtos acima delineados possuem qualidades que os transformam em excelentes produtos agrícolas, independentemente das quantidades plantadas. Qualquer cultura, portanto, que apresente as mesmas características é especialmente ideal para lugares de pequena e média propriedade, pois são estes lugares que precisam de uma planta que dê lucro razoável em relação ao esforço dispendido, permitindo que o agricultor a cada dia melhore seu padrão de vida.
É o caso do interior do Rio Grande do Norte!
Infelizmente é economicamente inviável o plantio do trigo e da soja, no Rio Grande do Norte, ao menos por enquanto, por questões de clima e solo desfavoráveis.
Digo, por enquanto, porque já foi desenvolvida uma variedade de soja chamada “soja tropical”, resistente às secas e muito bem sucedida na Bahia; no entanto, lá o solo é profundo.
Existe uma cultura agrícola com estas características que já foi plantada no Rio Grande do Norte: o algodão. De tal sucesso que a literatura o trata como “lavoura-dinheiro” ou “ouro branco”.
Esta especialidade agrícola estava mudando o interior semi-árido, pois dava condições a que qualquer sertanejo, com alguns hectares de terra, pudesse produzir a sua rama de algodão, a lhe proporcionar renda extra.
O algodão ainda tem outras vantagens para o pequeno agricultor: pode ser vendido na própria lavoura, isto é, o comprador vem buscar no local em que se encontra, embora não apresente grandes problemas de transporte.
Ademais, o algodão precisa ser beneficiado em um primeiro momento, por indústrias beneficiárias de descaroçamento ou por cooperativas dos próprios agricultores, como é muito usado no sul do país, em algumas culturas.
Não vamos chover no molhado para demonstrar que a capacidade de gerar produtos rentáveis em pequenas e médias propriedades é a chave para o desenvolvimento correto e sustentável de uma região. A renda do pequeno agricultor gera comércio de mantimentos e comércio de serviços. O surgimento das cooperativas melhorará a produtividade e a classificação dos produtos mediante o uso de máquinas e a seleção de sementes.
Pois não é que em um dado momento, no passado, o surgimento de uma praga chamada popularmente de 'bicudo' inviabilizou o cultivo de algodão no Estado!
Quem fala hoje em algodão no Rio Grande do Norte?
Que político busca se comprometer para buscar uma solução visando o retorno do “ouro branco”? Dando renda e dignidade aos sertanejos e valorizando as terras deles, hoje secas e sem utilidade?
O algodão é uma planta de semiárido. Teríamos, ao lado do ouro negro do petróleo, o ouro branco da pluma do algodão, sendo que este último é um grande distribuidor de riqueza entre a população menos favorecida, mas trabalhadora. Herculeamente trabalhadora!
Esta deveria ser a proposta de Bolsa Família: o uso da capacidade do Estado em resolver uma questão agrícola que permitirá ao agricultor, por menor que seja, recuperar a sua capacidade de gerar renda, e ganhos, e crescer, e melhorar de padrão de vida e proporcionar aos seus filhos melhores chances no futuro.
Fiquem certos de uma coisa: não há futuro para quem perdeu sua dignidade, e não há dignidade em um pai que não consegue sustentar sua família.
Se ele, o pai, perdeu a capacidade, que o Estado o ajude a reconquista-la; e não a substitua por uma esmola mensal.
Fica claro que o Estado atual, ao instituir o Bolsa Família, está comprando a dignidade de um pai sertanejo, e este se vende porque o Estado – a classe política - não cria outra alternativa.
O Rio Grande do Norte necessita de um governo que use o seu poder e a sua capacidade para desenvolver estudos científicos “in loco” e descobrir maneiras de recuperação de uma planta que é o tesouro do nordeste, criando e incentivando e desenvolvendo empresas técnicas de agricultura, tipo EMBRAPA, mas, estadual e ligada aos problemas locais, bem como cursos técnicos de agricultura.
Não há outra solução!
Sabem por que isto tudo não acontece? Sabem por que nenhum político está atrás de reencontrar o caminho da riqueza e da fartura neste Estado?
Porque não interessa a eles que o povo aprenda, que prospere, ou se instrua, ou cresça como cidadão, ou se desenvolva. Se fizerem tal coisa, o curral eleitoral deles definhará definitivamente para sempre!
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