Todos sabem que o “politicamente correto” foi criado para
permitir que o ignorante fundamentalista possa passar por inteligente ou bem
informado sobre os problemas mundiais, ao par de fazê-lo cair no engodo de que
é partícipe das decisões que “salvam” o planeta. Sim, o planeta, pois nada para
eles é local, mas universal.
Já vimos em artigo anterior como ele age, mas vejamos duas
características que sempre lhe são afins. Em primeiro, conta com o
desconhecimento mais profundo por parte de seus seguidores dos temas que
pretendem estar defendendo. Em segundo, só foi possível sua existência com a
rede mundial de comunicação via Internet.
Parece muito, mas não é!
Invertamos a equação: o uso da Internet é, digamos, livre. Se
acontece de ser censurada ou sofrer restrições de acesso, é justamente nos
países onde a liberdade de expressão não existe. Adicionemos que o usuário das
redes sociais – o canal de convencimento pela repetição, por excelência – sabe ler
e escrever (mesmo que mal e porcamente, por vezes), possui certo apego à
tecnologia e algum suporte financeiro. Nada disso tem a ver, convenhamos, com
ideologia política. Neste campo, portanto, nada existe que favoreça ou não a
quem quer que seja, em matéria nenhuma.
Sobra, destarte, o primeiro fator – o desconhecimento das
coisas -, onde reside o poder do “politicamente correto”. O apoio que possuem de uma enormidade de indivíduos,
que repartem entre eles um elemento comum, como vimos, subdividido em dois: a
falta de cultura e a enorme vontade e vaidade, de participar das “decisões” dos
grandes problemas do mundo. Ambos, apanágio da idade jovem. Falta de conhecimento
acumulado e vigor cego e inconsequente de iniciativa de ataque. Nada que
assuste um bom estrategista militar de Alto Comando, nem um excelente tático na
condução de ações de pequenas unidades.
Como já podemos perceber, é aí, justo neste ponto, que se
encontra a fraqueza estrutural de sua extensa e aparentemente poderosa fortaleza,
ou, dito de outra maneira, a fragilidade do centro de seu dispositivo de
combate. São infindáveis na História, os exemplos de bem-sucedidos rompimentos
pelo centro, com posterior desbordamento sobre os flancos, levando a vitórias
esmagadoras e incontestáveis. De Cannas à “Blitzkrieg”, para ser conciso.
A frente deles que é fraca, não obstante aparentar fortitude
inabalável, é baseada na ignorância e na falta de cultura de suas tropas. Mais
do que serem municiadas com “dados” específicos e únicos para cada tema, o que
já seria desastroso, eles ainda são contidos e apresentados em embalagens
ideológicas que não permitem que sejam abertas.
Ora, dados isoladamente de nada valem, ainda mais ajoujados
a linhas de pensamento obrigatórias. É a relação livre entre os dados à disposição
de um indivíduo que redunda em conhecimento e, consequentemente, em capacidade
criativa de raciocínio.
Corolário do acima exposto: quanto mais dados livremente
disponíveis, maior o número de relações possíveis entre eles e maior a produção
de conhecimento. De onde, a vantagem dos
conhecimentos acumulados, geralmente atribuídos à experiência que a idade dá na
prática da vida, e hoje, infelizmente em baixa na Bolsa da existência. De onde,
também, o perigo – para algumas ações ideológicas - de uma educação sem
orientação política, na qual o aprendizado pode tornar-se avesso à doutrinação
e seu sujeito infenso a adoção de “idéias” que não resistam à aferição da
Lógica Formal.
Fica estabelecido ser do campo ‘mental” a matéria com que a
sinistra alicerçou suas muralhas, nas quais deposita a mais explícita
confiança, crente na invencibilidade das mesmas. Do campo “mental”, veja bem, e
não do intelecto, posto que este transcende a simples presença de um cérebro, pois
aquele pressupõe um pensamento organizado, com capacidade de análise e
consequente aperfeiçoamento. O intelectual autêntico e fidedigno é um agregador
de conhecimentos tendo, portanto, um continuado acumulo de novos dados a serem
postos à disposição de seus sistemas e métodos relacionais.
Note-se que não há sistema que tire muito de poucos dados.
Ou, melhor, que extraia diversidade de resultados quando um indivíduo aborda
sempre da mesma maneira a escassez de dados que possui, caso clássico dos que
defendem o “politicamente correto”. Pouco ou nada sabem, mas em tudo emitem
opiniões “abalizadas” e para tudo têm a solução pronta. Basta obedecer cegamente
seus conselhos.
Eles, adeptos fanatizados da sinistra, repetem à exaustão,
quais “mantras”, as palavras mágicas – a “novilingua” – usadas para convencer
os incautos, os desatentos e os que têm preguiça de pensar, estes, a grande
maioria. Repetição cansativa de poucos dados sobre cada tema. Dados frágeis,
revestidos de uma dulçorosa cobertura para iludir o paladar. Os dados, mesmo
quando não irreais, são incompletos, falaciosos, superlativos. São, contudo,
universais na abrangência e pretensamente “humanitários” e “bonzinhos”. Iscas apetitosa
para os jovens, pois os faz guerreiros, e para os incultos, pois os faz “inteligentes”.
No primeiro caso, aproveita o vigor contestatório da juventude; no segundo, é regozija-se
com os “maria-vai-com-as-outras”.
Combate-se-lhes de maneira direta e em ataque frontal,
rompendo no setor onde são mais fracos, a concepção do “politicamente correto”,
defendido tão somente por único tipo de arma: os neologismos da “novilingua”,
suas siglas, suas palavras de ordem.
Acabamos de escolher o terreno onde vamos combate-los. Apresentemos
nosso armamento: a maiêutica, “o parto das idéias”, processo usado por Sócrates
para definir os conceitos gerais de um objeto em discussão. Este já é mortal
para as pretensões discursivas e de falsa retórica deles. Eles falam sobre o
que não conceituam, e não possuem nenhuma capacidade de apresentar conceitos.
Devemos instá-los a escolher os conceitos do que querem defender. Podem escolher
à vontade, pois a maiêtica com suas perguntas imbricadas uma na outra,
sequencialmente, lhes dá pouquíssima chance de resistirem até a terceira
indagação sobre a validade do conceito. É na fragilidade e inconsistência dos
conceitos escolhidos que se dá a derrota deles. Logo, logo entram em
contradição. Faltam-lhes dados nos quais possam fazer e desfazer relações,
falta-lhes intelectualidade. Sua defesa resta pobre, fraca e geralmente sem
nexo.
Eu os imagino como aqueles antigos participantes de
programas das tardes de domingo, na televisão. Uma piscina repleta de
plataformas fixas ao fundo, e o desafiante devendo transitar, por sua escolha,
de uma à outra, dando obrigatoriamente um pulo para alcança-las. Acontece, que
nem todas são fixas e, ao serem pisadas, afundam levando o jogador para dentro
da água. É bem assim: inquira-se-os, para que sejam obrigados a pular de uma a
outra plataforma e não ficarem em uma só, naquela que lhes é confortável. Num
ápice os veremos no fundo da piscina. O conceito correto é o mapa do caminho
das pedras. No tocante ao nosso problema, a retórica deles não ultrapassa ao
primeiro questionamento conceitual.
E ainda mantemos intacta nossa reserva: a Lógica
aristoteliana e sua aplicação formal. Este processo de discussão e análise
temática, prova a correção do raciocínio, e não a verdade do argumento. A comprovação
dos termos médios através de seus silogismos concatenados é arma definitiva no
combate ao raciocínio vicioso e circular, se aliada à maiêutica. Como diz o nosso
sertanejo, além de queda, coice!