sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Como Combater o Politicamente Correto



Todos sabem que o “politicamente correto” foi criado para permitir que o ignorante fundamentalista possa passar por inteligente ou bem informado sobre os problemas mundiais, ao par de fazê-lo cair no engodo de que é partícipe das decisões que “salvam” o planeta. Sim, o planeta, pois nada para eles é local, mas universal.

Já vimos em artigo anterior como ele age, mas vejamos duas características que sempre lhe são afins. Em primeiro, conta com o desconhecimento mais profundo por parte de seus seguidores dos temas que pretendem estar defendendo. Em segundo, só foi possível sua existência com a rede mundial de comunicação via Internet.

Parece muito, mas não é!

Invertamos a equação: o uso da Internet é, digamos, livre. Se acontece de ser censurada ou sofrer restrições de acesso, é justamente nos países onde a liberdade de expressão não existe. Adicionemos que o usuário das redes sociais – o canal de convencimento pela repetição, por excelência – sabe ler e escrever (mesmo que mal e porcamente, por vezes), possui certo apego à tecnologia e algum suporte financeiro. Nada disso tem a ver, convenhamos, com ideologia política. Neste campo, portanto, nada existe que favoreça ou não a quem quer que seja, em matéria nenhuma.

Sobra, destarte, o primeiro fator – o desconhecimento das coisas -, onde reside o poder do “politicamente correto”.  O apoio que possuem de uma enormidade de indivíduos, que repartem entre eles um elemento comum, como vimos, subdividido em dois: a falta de cultura e a enorme vontade e vaidade, de participar das “decisões” dos grandes problemas do mundo. Ambos, apanágio da idade jovem. Falta de conhecimento acumulado e vigor cego e inconsequente de iniciativa de ataque. Nada que assuste um bom estrategista militar de Alto Comando, nem um excelente tático na condução de ações de pequenas unidades. 

Como já podemos perceber, é aí, justo neste ponto, que se encontra a fraqueza estrutural de sua extensa e aparentemente poderosa fortaleza, ou, dito de outra maneira, a fragilidade do centro de seu dispositivo de combate. São infindáveis na História, os exemplos de bem-sucedidos rompimentos pelo centro, com posterior desbordamento sobre os flancos, levando a vitórias esmagadoras e incontestáveis. De Cannas à “Blitzkrieg”, para ser conciso.

A frente deles que é fraca, não obstante aparentar fortitude inabalável, é baseada na ignorância e na falta de cultura de suas tropas. Mais do que serem municiadas com “dados” específicos e únicos para cada tema, o que já seria desastroso, eles ainda são contidos e apresentados em embalagens ideológicas que não permitem que sejam abertas. 

Ora, dados isoladamente de nada valem, ainda mais ajoujados a linhas de pensamento obrigatórias. É a relação livre entre os dados à disposição de um indivíduo que redunda em conhecimento e, consequentemente, em capacidade criativa de raciocínio. 

Corolário do acima exposto: quanto mais dados livremente disponíveis, maior o número de relações possíveis entre eles e maior a produção de conhecimento.  De onde, a vantagem dos conhecimentos acumulados, geralmente atribuídos à experiência que a idade dá na prática da vida, e hoje, infelizmente em baixa na Bolsa da existência. De onde, também, o perigo – para algumas ações ideológicas - de uma educação sem orientação política, na qual o aprendizado pode tornar-se avesso à doutrinação e seu sujeito infenso a adoção de “idéias” que não resistam à aferição da Lógica Formal.

Fica estabelecido ser do campo ‘mental” a matéria com que a sinistra alicerçou suas muralhas, nas quais deposita a mais explícita confiança, crente na invencibilidade das mesmas. Do campo “mental”, veja bem, e não do intelecto, posto que este transcende a simples presença de um cérebro, pois aquele pressupõe um pensamento organizado, com capacidade de análise e consequente aperfeiçoamento. O intelectual autêntico e fidedigno é um agregador de conhecimentos tendo, portanto, um continuado acumulo de novos dados a serem postos à disposição de seus sistemas e métodos relacionais. 

Note-se que não há sistema que tire muito de poucos dados. Ou, melhor, que extraia diversidade de resultados quando um indivíduo aborda sempre da mesma maneira a escassez de dados que possui, caso clássico dos que defendem o “politicamente correto”. Pouco ou nada sabem, mas em tudo emitem opiniões “abalizadas” e para tudo têm a solução pronta. Basta obedecer cegamente seus conselhos.

Eles, adeptos fanatizados da sinistra, repetem à exaustão, quais “mantras”, as palavras mágicas – a “novilingua” – usadas para convencer os incautos, os desatentos e os que têm preguiça de pensar, estes, a grande maioria. Repetição cansativa de poucos dados sobre cada tema. Dados frágeis, revestidos de uma dulçorosa cobertura para iludir o paladar. Os dados, mesmo quando não irreais, são incompletos, falaciosos, superlativos. São, contudo, universais na abrangência e pretensamente “humanitários” e “bonzinhos”. Iscas apetitosa para os jovens, pois os faz guerreiros, e para os incultos, pois os faz “inteligentes”. No primeiro caso, aproveita o vigor contestatório da juventude; no segundo, é regozija-se com os “maria-vai-com-as-outras”.

Combate-se-lhes de maneira direta e em ataque frontal, rompendo no setor onde são mais fracos, a concepção do “politicamente correto”, defendido tão somente por único tipo de arma: os neologismos da “novilingua”, suas siglas, suas palavras de ordem.

Acabamos de escolher o terreno onde vamos combate-los. Apresentemos nosso armamento: a maiêutica, “o parto das idéias”, processo usado por Sócrates para definir os conceitos gerais de um objeto em discussão. Este já é mortal para as pretensões discursivas e de falsa retórica deles. Eles falam sobre o que não conceituam, e não possuem nenhuma capacidade de apresentar conceitos.

Devemos instá-los a escolher os conceitos do que querem defender. Podem escolher à vontade, pois a maiêtica com suas perguntas imbricadas uma na outra, sequencialmente, lhes dá pouquíssima chance de resistirem até a terceira indagação sobre a validade do conceito. É na fragilidade e inconsistência dos conceitos escolhidos que se dá a derrota deles. Logo, logo entram em contradição. Faltam-lhes dados nos quais possam fazer e desfazer relações, falta-lhes intelectualidade. Sua defesa resta pobre, fraca e geralmente sem nexo.

Eu os imagino como aqueles antigos participantes de programas das tardes de domingo, na televisão. Uma piscina repleta de plataformas fixas ao fundo, e o desafiante devendo transitar, por sua escolha, de uma à outra, dando obrigatoriamente um pulo para alcança-las. Acontece, que nem todas são fixas e, ao serem pisadas, afundam levando o jogador para dentro da água. É bem assim: inquira-se-os, para que sejam obrigados a pular de uma a outra plataforma e não ficarem em uma só, naquela que lhes é confortável. Num ápice os veremos no fundo da piscina. O conceito correto é o mapa do caminho das pedras. No tocante ao nosso problema, a retórica deles não ultrapassa ao primeiro questionamento conceitual. 

E ainda mantemos intacta nossa reserva: a Lógica aristoteliana e sua aplicação formal. Este processo de discussão e análise temática, prova a correção do raciocínio, e não a verdade do argumento. A comprovação dos termos médios através de seus silogismos concatenados é arma definitiva no combate ao raciocínio vicioso e circular, se aliada à maiêutica. Como diz o nosso sertanejo, além de queda, coice!

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