Qualquer estudioso ou curioso diletante, como eu, que se
debruça sobre as doutrinas militares que regem os combates, mormente as
batalhas campais, sabe que é vital o conhecimento do terreno em que se dará o
encontro das forças envolvidas. Grande vantagem terá aquele que o puder
escolher, pois poderá posicionar melhor suas unidades e fazer melhor uso dos
recursos à sua disposição.
Escolhe-se o terreno em função do tipo de tropas disponíveis
e da quantidade das mesmas, podendo, inclusive, deixar bem posicionada as
reservas para de pronto atuarem onde for mais necessário.
Fica implícito nessa abordagem que o conhecimento da
capacidade guerreira do adversário será uma vantagem que, aliada à escolha do
campo de batalha, prenuncia vitória, embora não a garanta. Melhor ainda se,
captadas por nossos serviços de inteligência, conhecermos as suas fraquezas
militares, seu efetivo combatente, a quantidade e a qualidade de suas munições
e quais as reservas que possuem e, importantíssimo, o estado de sua moral e de
sua liderança.
Não é inteligente, portanto, nem saudável fisicamente, que
lutemos no campo escolhido pelo inimigo, ainda mais se o fizermos de maneira
voluntariosa, desarmados de nossos armamentos costumeiros e compelidos a fazer
uso tão somente dos recursos dele. Enormes serão as chances de uma acachapante
derrota. Mesmo na eventualidade de uma vitória as baixas serão tão grandes que
estará emulando as vitórias de Pirro.
Digo tudo isto porque estamos em uma guerra ideológica
contra a sinistra, destruidora da família e devoradora das liberdades
individuais.
Mas a guerra deles é no plano da virtualidade, das
convenções.
Criaram palavras, fenômenos, situações, comportamentos e
atitudes que prescindem de realidade objetiva. Chama-se o “politicamente
correto”. Criação equivocada, fantasiosa, utópica e paradoxal, por vezes ao
ponto do escárnio tanto de seus seguidores quanto de seus adversários. É o
terreno que escolheram para estender suas tropas, prontas e preparadas para dar
combate aos seus inimigos ideológicos. Fortificaram as fronteiras com
trincheiras, arame farpado e minas. Sentem-se confiantes, seguros e inconquistáveis.
A arma mais letal que eles possuem é a “novilíngua”, uma
nova coleção de palavras e neologismos. Na realidade, a força desta arma reside
menos em seu poder destrutivo do que na extrema sensibilidade daquele que ela
atinge. É como um fenômeno “shamânico”, onde grande parte do poder dele se
encontra na sugestão que transmite ao paciente. Quanto mais ignorante das
coisas do mundo, mais facilmente alguém se torna sensível a esta arma virtual.
Os que a possuem, por outro lado, enrijecem na mesmice do fundamentalismo, em
suma, fanatizam. Não foi à toa que Hitler, em seu livro Mein Kampf, ao tratar da nova organização do Partido dos
Trabalhadores Alemães – o NSDAP -, disse que uma ideologia radical só poderia se
expandir através de mentes medíocres.
O terreno e as armas deles são retroalimentados pelo
desconhecimento objetivo e pela assustadora falta de cultura dessas últimas
gerações. Os paradoxos não são percebidos, em que pese serem gritantes. O moçoilo
que está pela manhã numa passeata contra o fumo, é o mesmo que à noite
participa de manifestações em favor da liberação da maconha: ambos são fumados
e geram fumaça. Aquele que reclama de um fumante, por lhe tirar o “direito” de
respirar é o mesmo que usa carro à combustão, lançando no ar chumbo e benzeno
que compõem a gasolina com que o abastece e envenenando o ar de todos. O que
reclama da corrupção é o mesmo que – sendo hígido e jovem – ocupa a vaga de um
idoso ou deficiente no estacionamento. Paro, pois seria infindável tal
listagem.
Há coisas mais graves e equivocadas. Mentiras deslavadas,
afirmações insidiosas, pois sabem que os engodos não serão descobertos, graças
ao despreparo das mentes atuais, principalmente dos jovens, mas não
exclusivamente. Trabalho anterior deles, bem-sucedido, por sinal, não há negar.
Dizem que o planeta está aquecendo... por culpa do homem. Entretanto, os invernos
no hemisfério Norte são mais severos a cada ano. Que a Antártica está degelando,
o que é verdade, de um lado; do outro, está acumulando gelo. Nunca escutaram
que o planeta Terra é dinâmico, independentemente de quem ou o quê o ocupe. São
contra os produtos agrícolas transgênicos, não lhes importando o fato de que
sem esses aperfeiçoamentos genéticos mais da metade do mundo morreria de fome.
Tampouco sabem os que os escutam que o homem fez tal hibridação no milho ao
correr de milhares de anos, por exemplo, que este perdeu a capacidade natural
de reprodução e só vinga plantado e amanhado por mãos humanas.
Há todo um novo jogo de palavras, verbalização de
substantivos, adjetivações incoerentes, pois em um mundo ilusório as palavras
antigas não permitem a substituição de antigos conceitos e significados. Com
novas denominações é fácil inclusive a criação de símbolos que se sobreponham
aos antigos. Aí estão os pares de destruir\criar, substituindo heróis; criando
novos gêneros sexuais; trocando, no que cabe, o velho “direito das gentes” pelos
“direitos humanos”, inexistente e sem a mínima lógica; inversão dos valores
sociais; destruição dos elementos essenciais da família, e por aí vai. Quem
dominou muito bem e por um bom espaço de tempo este sistema de “novilíngua”
foram os nacional-socialistas do III Reich, e os comunistas da falida União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas. Estes, até 1990, chamavam a DDR, um estado totalitarista
comandado ditatorialmente pelos comunistas, sem liberdades individuais, de
República DEMOCRÁTICA da Alemanha, até sua absorção pela Alemanha Federal,
capitalista. Agora, temos a Latino América Bolivariana (novilingua).
Para finalizar, sendo curto e grosso. Suas fortificações
fronteiriças podem ser flanqueadas, como foi a antiga Linha Maginot francesa,
na divisa com a Alemanha, quase no início da II Guerra, pois o que guardam,
sendo virtual, só existe quando mentalizado, citado, lembrado, evocado,
DISCUTIDO, EXPLANADO. Os aspectos oligofrênicos dessas criações em nada fazem
falta ao mundo objetivo, ao estamento social, pois são contra a natureza da
maior parte das pessoas, ou são invenções bizarras que logo serão esquecidas
passada a novidade. Nosso campo de combate deve ser fora destas armadilhas
deles. Nosso combate não é no “Novo Mundo Politicamente Correto” deles, mas no
mundo cotidiano e normal nosso. Portanto, não citem elementos do mudo inventado
por eles.
Abandonem as palavras que eles criaram para alicerçar a utopia
que estavam buscando criar. Esqueçam os neologismos: homo isto, homo aquilo e siglas
designativas muitas vezes de desvios comportamentais.
Houve mudanças no linguajar sem nenhuma razão, a não ser
dobrar e quebrar a tradição. Nomes sempre foram importantíssimos. Nomear as coisas
é apossar-se de sua essência existencial, é tornar-se dono dela. No mundo rural
antigo existia um adágio: “Mate o homem, mas não lhe mude o nome!"
Vou voltar a este assunto no próximo artigo para analisarmos
a parte tática a ser utilizada. Eles são fracos. O poder deles é nascido de
nossa desatenção.
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