quinta-feira, 15 de abril de 2010

Triste primeiro de maio em Cuba - para os trabalhadores

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Em um ciclo que parece não terminar nunca, se anunciam frequentes remédios que dinamizarão nossa economia. Desta vez se chama "terminar com as fábricas infladas", mesmo que, da ótica de quem ficará sem posto de trabalho se resuma na palavra: "desemprego". Grandes reportagens mostram na televisão que o problema da ineficiênciá é causado pelo excesso de pessoal nos escritórios, fábricas e até hospitais. Cada jornada de trabalho deve possuir conteúdo para evitar o ócio, dizem-nos os meios de comunicação, como se fórmula tão primária tivesse sido descoberta na semana que passou.


Alguns economistas adverten que enviar para casa todos os que sobram em suas funções elevaria a cifra de desempregados para mais de 25%. Um em cada quatro trabalhadores poderia ser dispensado no afã de sanear as folhas, pois o país não tem liquidez para seguir pagando braços inativos. Tão alto número de desocupados implicaria no aumento do descontentamento social, centenas de milhares de pessoas lançadas a realizar ocupações ilegais e ao fim do truque de criar subempregos como forma de adulterar as estatísticas de ocupação de mão-de-obra. Indago sobre o que ocorreria nessas dependências oficiais repletas de burocratas, o que acontecerá com a inchada lista dos que trabalham para a Segurança do Estado. Terão eles também uma redução de pessoal? Visto o número crescente dos policías vestidos de civil que perambulam pelas ruas, creio que deveriam começar por eles para eliminar tantos excessos. Por uma razão de imagem, não se chamaria de desempregados aos que fossem dispensados, mas, com alguma sutileza - como as já utilizadas em outros momentos - como excedentes ou interrompidos.
Faltando poucos dias para celebrar-se o primeiro de maio, muitos cubanos estão correndo o risco de perder seu lugar de trabalho. Na realidade, estou segura de que não veremos no desfile da Praça Monumental um só cartaz mostrando a inconformidade ou a crítica ante a redução de pessoal. O própio presidente da CTC [Confederação Nacional do Trabalho] disse que o encontro dos trabalhadores será para reafirmar seu apoio ao projeto e para criticar a chamada campanha midiática contra Cuba. O único grupo sindical legalizado do país demonstra assim sua condição de polia transmissora de orientações, do poder para os trabalhadores, porém não leva demandas na outra direção. Os veremos passar frente à tribuna, a ponto de perder o trabalho, mas carregando um cartaz de repúdio à União Européia ou aos Estados Unidos. Ninguém poderá fazer desse dia um momento de verdadeira reclamação, um encontro para exigir ao grande patrão chamado estado que não os abandone na rua.

(Transcrito do blog Generación Y, editado pela valente cubana, Yoanni Sanchez, residente em Havana)

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