domingo, 16 de novembro de 2014


O PERIGO DE ESTARMOS DESATENTOS NA DEMOCRACIA

O problema inerente a escândalos enormes como o Petrolão é o de gerar expectativas positivas de que a crise será resolvida com a punição exemplar dos culpados.

Até poderia ser, em outro país mais sério, com uma classe política menos debochada, com um povo mais fiscalizador e intolerante com os excessos. Digamos Suécia, Estados Unidos, Holanda, Inglaterra, Alemanha e outros de mesmo quilate e cultura política.

Deveria ser uma vergonha para nós a frase usual de que “no país tal, isto não seria possível...”; mas não é! Apresentamos certo nível de torpor ético, de hipnose moral, e ficamos como que catalépticos, amortecidos e sem ação. Paradoxalmente, o que nos outros países nos encanta e desperta a “boa” inveja, aqui para nós é uma impossibilidade de tão difícil solução como ir tomar o café da manhã em Marte.

Talvez seja por isso que nos deixamos contaminar pela chance de que outras pessoas resolvam a questão para nós, e pela alegre esperança de que tenhamos um dia de “Estados Unidos da América”. E a esperança não é insana, pois se podemos ter frequentemente dias cubanos e bolivarianos, por que não seria possível um dia com democracia plena? A questão é que nem esses dias de esquerda senil e ensandecida são feito por nós... e sim pelos outros, os que detêm o poder e possuem a firme convicção do que querem fazer, lado ao lado com a certeza de que o povo brasileiro não reage de moto próprio. O povo não tem motor de arranque! E eles sabem disso!

Mas voltemos ao tema inicial. A vida de uma nação, de um povo, pode ser comparada a um jogo de xadrez, e, concomitantemente, segue os preceitos básicos que regem o desafio mental da movimentação das peças. É deste jogo que nasceu a máxima que a defesa é o melhor ataque. Isto é, a atenção ao que se desenrola no tabuleiro é vital.  Um jogador desatento, fascinado pelo sucesso inexorável de seus próximos lances pode de um momento para outro receber o xeque-mate. É justamente aí que reside o perigo. Esquecer ou considerar vencido o adversário, como se este não tivesse mais jogadas, na quase infindável quantidade de opções de um embate enxadrístico.

Por mais seguras que estejam as coisas, por mais indefensáveis que se apresentem, jamais se esqueça de que o outro também está jogando, buscando se defender e levar o jogo a um resultado favorável a ele.

O adversário está fazendo de tudo – licitamente ou não – para vencer o jogo, ou melhor, para não perder, pois é um jogo tão decisivo que não haverá revanche, ganhe quem ganhar,

Ele sabe, mais do que ninguém, que seu caso é perdido em condições normais de temperatura e pressão. Ganhar em seu caso depende de sua capacidade de mudar as condições ambientes ou em destruir o tabuleiro, o que é a especialidade deles. É mais factível realizar o segundo do que alcançar o primeiro.

Se fizermos um rápido balanço de forças veremos que ele dispõe de poderosos instrumentos que podem ser usados institucionalmente, como organismos estatais aparelhados, consciências políticas compráveis, magistrados parciais, dinheiro aos borbotões, falta de caráter e pendores comportamentais malévolos, e outros que tais, a permitirem que ele alcance seus objetivos de bolivarização do país antes que as causas judiciárias que lhe são adversas sejam julgadas.

Ele está pensando em mover as peças com rapidez tal que impeça as jogadas da justiça tornando o país uma cubazuela, com todos os seus desmandos e atentados contra as liberdades individuais, antes que outras forças sejam chamadas a agir em caso de necessidade.

É claro que isto só pode acontecer em um Estado onde seus constituintes – o povo – abra mão de sua soberania e de seu poder maior de polícia, pois a lei nada mais é do que a vontade dele, como no Brasil. Isto não acontece em país onde o povo sabe que o Estado lhe pertence, e que ele somente delega a um mandatário a sua gerência e administração, cuidadosamente observada por ele através das câmaras legislativas, a parte sua que analisa e julga se tudo está correto, constitucionalissimamente falando, sendo possível repita-se, entretanto, naqueles em que o presidente toma para si a soberania do povo agindo absolutamente como um soberano majestático sem prestar contas de si a ninguém e não sendo responsável pelos seus atos de mando.

Enfim, estamos falando da verdadeira diferença entre uma democracia e uma não-democracia ao falar de conteúdo e não simplesmente de forma. É o grande e inexorável hiato que separa o Brasil, de democracia claudicante e insegura, e os Estados Unidos da América, em que jamais o presidente achar-se-á dono do país.

 

 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014



O PARADOXO DA REPÚBLICA BRASILEIRA


Dentre os paradoxos que pululam no Brasil existe um de análise interessante e que demonstra a capacidade destrutiva da desqualificação e do “assassinato de reputações” presente no cotidiano do mundo político nacional. A “proclamação da Republica”, em 1889.

A começar pelo início da mesma, pois não foi uma proclamação, no sentido de uma apresentação da maioria da sociedade. Na realidade, nem mesmo da minoria. Foi um “pronunciamento” militar, aos moldes de nossos “hermanos” latino-americanos, não tão “imãos”na época. Fez-se a República no grito, na picardia, uma “boutade” maior do que a necessidade, uma solução raivosa e extemporânea para resolver uma crise ministerial corriqueira.

Houve até mesmo certo constrangimento – talvez uma vergonha pela fragilidade das razões de um golpe de Estado – em anunciar ao velho imperador que ele estava deposto e que devia deixar o país imediatamente para estabelecer o fato consumado. Sabiam da fraqueza de suas posições. O povo, passada a surpresa, poderia bem entornar o caldo, pois o “velho” era muito querido por ele.

Depois, pelos resultados do movimento. Bastaram alguns dias para que a tempestade desabasse por sobre o Governo militar republicano e ele se visse na obrigação de decretar ‘estado de sítio’, cortando liberdades e direitos. Logo, Deodoro, o marechal monarquista que, adoentado, havia gritado pela república se demitiu, cansado e desiludido. Sobe Floriano, outro marechal tão “linha dura” que ficou cognominado de ‘Marechal de ferro’. Fora-se a "harmonia" da República!
 
Menos de cinco anos do experimento e estoura a mais cruenta e sanguinária guerra civil brasileira – 1893-1895 -, uma carnificina entre concidadãos, tornada pérfida e pavorosa com a execução maciça de adversários políticos – mesmo não combatentes -, nos moldes dos regimes ditatoriais que por muitos anos dominaram a América Latina, e ainda a dominam em significativa parte. Fora-se a Paz do Império!

Em cinco anos o Brasil deixou de ser grande e diferenciado – maravilhosamente diferenciado – do restante da América do Sul. Perdemos a estabilidade política, o consenso nacional, a égide unificadora e começamos a ser mais uma das republiquetas de bananas oriundas da dispersão do antigo Império Espanhol. E, além de entrarmos atrasados numa luta de segunda classe, perdíamos de uma só vez, clamorosa vez, o controle e a consciência de nosso destino. Sobrou-nos a visão de um  ‘Brasil grande”, de um “País do futuro”, mal entendida e pouco crível, pois a força construtiva, o orgulho coletivo do trabalho irmanado, a honra das gerações sobrepostas, a existência dos “Pais da Pátria” perderam-se com a subtaneidade do desenlace, com a violência da separação entre formas de governo. Algo de perverso tomou os ares da terra brasileira, algo beirando a injustiça para com uma pessoa-símbolo, um que de mal agradecidos para com os que haviam feito nossa terra livre e independente. Fora-se a certeza do 'Destino Manifesto'!

Ao sumir o sentido e a busca do “Destino Manifesto” do Império do Brasil - ser a mais desenvolvida sócio-politicamente das nações latino-americanas, potência econômica mundial e líder inconteste da América Meridional -, perdemos definitivamente o rumo a seguir, embaralharam-se os azimutes e fraquejou o ímpeto da vontade guiada pelo entusiasmo e pela certeza de seu brilhante futuro. É inegável que as gerações pré-republicanas lutavam pelas gerações que lhes sucederiam. Diferentemente das republicanas atuais!

Inobstante tais fatos, o trabalho realizado para destruir a imagem e os ganhos do Brasil Império foi enormemente bem sucedido. Escamoteou-se a figura dos dois imperadores, cada um deles dotado de personalidade diferente, mas irmanadas ao amor supremo pela pátria. Cada um deles anelava morrer com a cabeça depositada em um travesseiro repleto de terra brasileira. Quem de nossos “governantes republicanos” amou assim esta terra? Talvez um Juscelino se assemelhe. O resto a usa em proveito próprio ou de sua família, ou de seu grupo partidário. Não acontecia assim, no Império, pois o Monarca não tem partido, ele representa o Povo a Nação, e ambos estão acima dos governos. Por isto eram chamados Soberanos, Quando a política entorta, está desequilibrada, o Poder Soberano muda o comando, em defesa do bem-estar da população. Quem pode fazer isto atualmente? Quem defende o povo quando este é roubado? Ele deve esperar que os governistas aparelhem o Estado e se eternizem ditatorialmente? Devem esperar que passem x anos para votarem novamente? E se houver fraudes, partindo do princípio de que o ladrão só rouba pouco quando é pouco o que existe para roubar, mas está sempre disposto a roubar tudo o que pode, incluindo a boa fé e a confiança que os outros depositam nele?

Falta algo nessa política brasileira. Falta alguém que realmente represente o povo, alguém que o defenda contra os que não amam o Brasil– e que tenha tal poder.
Acho que o Exército Brasileiro deveria retomar o poder com as tropas na rua, como fez em 15 de novembro de 1889 e entrega-lo ao comando de um Soberano da Família Imperial Brasileira, para que seja refundado o Império do Brasil, e que este siga seu destino Manifesto e retome o seu merecido lugar entre as nações desenvolvidas do mundo

sexta-feira, 30 de maio de 2014

O PT DEU UM GOPE E IMPLANTOU A DITADURA!



                                      ATENÇÃO!   EXTRA!   ATENÇÃO!

O GOLPE CASTRO-BOLIVARIANO FOI ACELERADO DEVIDO A CERTEZA DA DERROTA DO PT NAS URNAS E NA DIFICULDADE EM FRAUDAR AS URNAS, DEVIDO À DESCONFIANÇA NACIONAL.

TENDO SABIDO QUE O STF FOI FINALMENTE DOMINADO, SOMENTE RESTOU A OPÇÃO DE FAZER NOSSA TRANSFORMAÇÃO EM CUBA E VENEZUELA PELA FORÇA - INFLAÇÃO, FALTA DE COMIDA, VIOLÊNCIA INCONTIDA, AUSÊNCIA DE EDUCAÇÃO, DESTRUIÇÃO DA FAMÍLIA E DA RELIGIÃO... - E PARA ISTO, DILMA- TERRORISTA INSTITUIU POR DECRETO-LEI - DIDATORIALMENTE - A COLETIVIZAÇÃO DAS DECISÕES GOVERNAMENTAIS, E QUE SOMENTE AQUELES QUE SÃO ATIVISTAS DO PT E ASSEMELHADOS PODEM MANDAR NO PAÍS.

NÃO HÁ MAIS TEMPO. ELES - OS PETISTAS - CONTAM COM O FATO CONSUMADO.

RESISTAMOS!

NÃO RECOLHAMOS MAIS IMPOSTOS, FAÇAMOS UMA GREVE GERA!.

SAIAMOS ÀS RUAS E REPUDIEMOS ESTE GOVERNO E TODOS OS GOVERNOS PETISTAS.

VAMOS SALVAR A NAÇÃO BRASILEIRA. DEVEMOS ISTO ÀS PRÓXIMAS GERAÇÕES
.
A DILMA COLOCOU O EXÉRCITO NA SEGURANÇA DA COPA, E, LOGO APÓS, DECRETOU A DITADURA, ESPERANDO TER COOPTADO AS FORÇAS ARMADAS.

VAMOS PARA O COMBATE, PARA A ANARQUIA, SE PRECISO FOR!!!

- LEIA ABAIXO -

O líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), está apresentando nesta sexta-feira um Projeto de Decreto Legislativo pedindo a revogação do decreto da presidente Dilma Rousseff, que obriga os órgãos do governo a promover consultas populares sobre grandes temas, antes de definir a política a ser adotada e anunciada pelo governo. O decreto 8243/2014 cria a Política Nacional de Participação Social (PNPS) e diz que o objetivo é “consolidar a participação social como método de governo”.

O governo Lula conseguiu conter os movimentos sociais, iniciando práticas como as grandes Conferências Nacionais, como a Conferência Nacional das Cidades. Indignado, Mendonça Filho disse que Dilma e o PT querem enfraquecer o Legislativo - responsável por discutir as propostas de governo - e criar cidadãos de "primeira e segunda classe", alegando que apenas aqueles que integram movimentos sociais e sindicatos seriam ouvidos nos conselhos criados por Dilma.

Mendonça Filho disse que a oposição poderá entrar em obstrução e não votar medidas provisórias, na próxima semana, caso Dilma não revogue o decreto, ou caso o Congresso não o aprove. Ele discutirá a questão na reunião dos líderes partidários da próxima terça-feira e pedirá que o projeto tenha urgência, para ser votado ainda na próxima semana.

- Esse decreto é uma aberração. É uma desfaçatez o PT e a presidente Dilma chegarem ao nível de passar por cima do Legislativo, caixa de discussão e ressonância da sociedade. Dilma quer criar um poder paralelo - disse Mendonça Filho. Para ele, os integrantes das novas estruturas serão escolhidos pelo governo, o que já vicia todo o processo. - Serão os Conselhos dos Amigos do Poder. Quer criar um poder paralelo e ainda cidadãos de primeira e segunda classe. Para ser ouvido, o cidadão comum tem que estar associado a uma ONG ou a um sindicato - disse ele.

O líder do DEM acredita que não se trata de governo e oposição e sim uma discussão que envolve o Parlamento. - O presidente da Câmara, Henrique Alves, tem sido um guardião das prerrogativas do Poder Legislativo e não vai aceitar isso - disse ele.

Na prática, a proposta obriga órgãos da administração direta e indireta a criar estruturas de participação social. O decreto lista nove tipos de estruturas que devem ser utilizadas: conselho de políticas públicas; comissão de políticas públicas; conferência nacional; ouvidoria pública federal; mesa de diálogo; fórum interconselhos; audiência pública; consulta pública; e ambiente virtual de participação social.

Além de criar nove tipos de formas de participação popular, o decreto ainda institui a Mesa de Monitoramento das Demandas Sociais, uma estrutura interministerial responsável pelas “pautas dos movimentos sociais e pelo monitoramento de suas respostas”. É uma forma de o Planalto tentar dar uma resposta rápida a reivindicações, o que poderia reduzir as grandes manifestações. O novo modelo já está sendo adotado, com o governo encaminhado um “Caderno de Respostas” às entidades.

O texto diz estabelece que os órgãos e entidades da administração pública federal direta e indireta deverão, considerar as instâncias e os mecanismos de participação social previstos no Decreto para “a formulação, a execução, o monitoramento e a avaliação de seus programas e políticas públicas”. Na prática, ministérios e demais órgãos serão obrigados a criar conselhos, realizar conferências ou mesmo promover mesas de diálogo. (O Globo)

domingo, 25 de maio de 2014


Devo ter sido cego, surdo e mudo!

 
Tenho sessenta anos de idade. Tinha quatorze nos idos de 1964.

 Vejo e ouço tantas coisas sobre o que aconteceu naquela época e estranho nada ter notado, nem visto ou escutado então, como dizem ter acontecido.

 Atualmente, grande parte da juventude tudo afirma e nada conhece; tudo aceita do que é dito por um lado, e nem quer escutar os outros lados, pois não lhe interessa a verdade.

O Brasil grosseiro, ditatorial, cruel, ruim, insano que dizem ter existido pós-64, eu não conheci. Talvez por ter trabalhado para fazê-lo cada dia melhor. Mas, lembro-me do pré-64, em que a baderna imperava, o país estava economicamente parado por greves (existiam mesmo as greves em solidariedade), com os governantes nacionais, popularescos, dando gritos de ordem e insuflando a multidão, dizendo que tudo fariam com ou sem o Congresso, enquanto outros,  a eles ligados, debochavam e menosprezavam, ostensivamente,  as autoridades militares da Nação.

O Brasil em que qualquer militar tripudiava sobre os civis, constrangia-os, impunha-lhes atos ignominiosos não foi de meu conhecimento. Ao contrário, vi um País onde era seguro viver em paz, pois a pouca vergonha dos aproveitadores de ocasião tinha sido sustada. Houvera um verdadeiro choque de ordem, o único meio de impedir que o Brasil se tornasse uma república sindicalista na qual o maior princípio não era o combate à pobreza e à miséria, mas o ódio e a destruição dos ricos.

O Brasil de uma porção de generais ditadores a criarem leis que favorecessem seu grupo oligárquico, a impedir a democracia e a meterem medo no povo, que os odiava, deve ter sido outro Brasil, porque eu estava aqui e não o vi. Os pretensos ditadores, estranhamente, revezavam-se a cada quatro anos, propostos e eleitos pelo Congresso Nacional, o qual era eleito democraticamente. E, note-se, o Vice sempre era um civil. Nunca houve um General-Presidente, pois, respeitando a Lei Maior, para serem candidatos deviam solicitar a reforma. Nunca aconteceu de algum presidente dessa época ‘militar’ vestir a farda de seu antigo posto, pois o regulamento das Forças Armadas brasileiras não permite. Isso de ‘estar protegido pela farda’ foi coisa do único e verdadeiro ditador no Brasil, o Getúlio Vargas. Como é, ainda hoje, do Hugo Chavez e dos irmãos Castro.

O Brasil amordaçado, calado, amedrontado, com denúncias de vizinhança, inquieto, sem direito à privacidade, com a correspondência censurada, também não vi, a não ser durante os momentos de convulsão social ou de estado de guerra, se é que houve. Não me recordo de ter sentido receio de ser morto a qualquer momento por agentes da lei, que não tinham como missão atirar em outros cidadãos pacíficos, embora houvesse uma tensão e ansiedade em ser vítima gratuita de algum atentado terrorista, tanto em seus ataques aleatórios quanto nos assaltos que faziam a bancos, em nome do povo, diziam eles...

No Brasil que conheci, jamais fui incomodado, como cidadão, por falar mal, ou criticar, fosse quem fosse. Nunca me prenderam. Sempre li o que quis, falei o que pensava, e, adianto, nunca fui um ‘maria vai com as outras’. Nunca soube de que aqueles presidentes roubassem ou suportassem a companhia de ladrões do dinheiro público. Não me consta que os presidentes do regime militar se locupletassem de mordomias e facilidades, a si ou aos familiares, enchessem as ‘burras’ de sua família de dinheiro do povo. E tinham o comando da força, vejam só! Poderiam ter feito o que quisessem. Não havia quem os impedisse. No entanto, não fizeram: tinham respeito pelas tradições democráticas do País. Muitos haviam lutado por ele na Segunda Guerra, e não contra ele, como os pretensos ‘terroristas-democráticos’ fizeram. Aqueles que nunca nem mesmo propuseram o retorno do Jango à presidência. Queriam o quê, então?

Só sei que sinto uma enorme falta de um país em que se podia levantar de manhã e ir trabalhar sabendo que se contribuía para gerações futuras que nem se iria conhecer. Sem ódios, sem rancores, sem preconceitos artificialmente construídos.

Devo ter sido cego, mudo e surdo, ou algum tipo perfeito de tonto! Devo estar pagando por isso, agora! Nada mais justo!

(Este texto foi escrito em 2010, para ser publicado na revista do Instituto Milênio e foi censurado por eles por fazer apologia do regime militar, do ponto de vista do Conselho Editorial. Por estas e outras que estamos onde nos encontramos hoje!)

sábado, 24 de maio de 2014

MANIFESTO DE UM POTIGUAR ADOTIVO

O Rio Grande do Norte, o caminho do desenvolvimento e o afastamento do Bolsa Família

Eu me criei, na juventude, e na primeira idade adulta, numa terra aonde os pequenos e médios proprietários tinham como ganhar dinheiro com suas terras, mesmo que exíguas em tamanho. E não estou falando de cooperativismo, mas a uma época anterior à adoção deste sistema, no Rio Gra...nde do Sul. Terra de imigrantes, pobres, lavradores, que vinham de uma Europa, no século XIX, onde estavam morrendo de fome.

Ao chegarem ao Rio Grande, é obvio e compreensível, que não tenham recebido as melhores terras, já ocupadas pelo mundo da pecuária. Desbravaram as serras, no topo das quais estavam as suas datas, construíram seus ranchos, mataram onças e lutaram contra os bugres, indígenas guaranis que da civilização só tinham tomado os desacertos e os vícios, infelizmente.

Passados dezenas de anos amansaram suas terras, que eram férteis, construíram as casas permanentes, de madeira e se aculturaram profundamente na terra gaúcha.

Alguns aspectos agrícolas, tirando o trabalho árduo, foram responsáveis pelo sucesso daquelas populações transplantadas de tão longe: a uva, o trigo e a soja.

A uva porque conheciam o seu plantio e o gerenciamento de suas parreiras, mesmo que os locais em que as plantavam não fossem os mais recomendáveis para a fruta. As melhores terras são as planícies temperadas e abrigadas dos ventos, mas estas já estavam ocupadas anteriormente. A produção de vinho foi uma decorrência desta cultura.

Depois, o trigo, planta apropriada para aqueles que haviam ocupado os planaltos cheios de matas, no lugar das quais ele vicejou maravilhosamente bem.

Modernamente existe a soja, uma “commoditie” de alta produtividade e mercado mundial.

Esqueçamos a uva, por ser um trabalho que exige técnica especializada, que não é de domínio de todos, mas vejamos trigo e soja.

Ambos possuem características socioeconômica muito similares, em que pese as diferenças de suas utilizações, como segue abaixo:

- podem ser plantados e são economicamente lucrativos em pequena, média ou grande propriedade;

- são produtos de mercado permanente e de demanda constante e regular;

- são produtos que suportam estocagem, permitindo que a venda somente se realize nos melhores momentos do mercado;

- a produtividade dessas culturas é razão direta do cuidado com elas, favorecendo o controle dos custos variáveis;

Fica evidente que os produtos acima delineados possuem qualidades que os transformam em excelentes produtos agrícolas, independentemente das quantidades plantadas. Qualquer cultura, portanto, que apresente as mesmas características é especialmente ideal para lugares de pequena e média propriedade, pois são estes lugares que precisam de uma planta que dê lucro razoável em relação ao esforço dispendido, permitindo que o agricultor a cada dia melhore seu padrão de vida.

É o caso do interior do Rio Grande do Norte!

Infelizmente é economicamente inviável o plantio do trigo e da soja, no Rio Grande do Norte, ao menos por enquanto, por questões de clima e solo desfavoráveis.

Digo, por enquanto, porque já foi desenvolvida uma variedade de soja chamada “soja tropical”, resistente às secas e muito bem sucedida na Bahia; no entanto, lá o solo é profundo.

Existe uma cultura agrícola com estas características que já foi plantada no Rio Grande do Norte: o algodão. De tal sucesso que a literatura o trata como “lavoura-dinheiro” ou “ouro branco”.

Esta especialidade agrícola estava mudando o interior semi-árido, pois dava condições a que qualquer sertanejo, com alguns hectares de terra, pudesse produzir a sua rama de algodão, a lhe proporcionar renda extra.

O algodão ainda tem outras vantagens para o pequeno agricultor: pode ser vendido na própria lavoura, isto é, o comprador vem buscar no local em que se encontra, embora não apresente grandes problemas de transporte.

Ademais, o algodão precisa ser beneficiado em um primeiro momento, por indústrias beneficiárias de descaroçamento ou por cooperativas dos próprios agricultores, como é muito usado no sul do país, em algumas culturas.

Não vamos chover no molhado para demonstrar que a capacidade de gerar produtos rentáveis em pequenas e médias propriedades é a chave para o desenvolvimento correto e sustentável de uma região. A renda do pequeno agricultor gera comércio de mantimentos e comércio de serviços. O surgimento das cooperativas melhorará a produtividade e a classificação dos produtos mediante o uso de máquinas e a seleção de sementes.

Pois não é que em um dado momento, no passado, o surgimento de uma praga chamada popularmente de 'bicudo' inviabilizou o cultivo de algodão no Estado!

Quem fala hoje em algodão no Rio Grande do Norte?

Que político busca se comprometer para buscar uma solução visando o retorno do “ouro branco”? Dando renda e dignidade aos sertanejos e valorizando as terras deles, hoje secas e sem utilidade?

O algodão é uma planta de semiárido. Teríamos, ao lado do ouro negro do petróleo, o ouro branco da pluma do algodão, sendo que este último é um grande distribuidor de riqueza entre a população menos favorecida, mas trabalhadora. Herculeamente trabalhadora!

Esta deveria ser a proposta de Bolsa Família: o uso da capacidade do Estado em resolver uma questão agrícola que permitirá ao agricultor, por menor que seja, recuperar a sua capacidade de gerar renda, e ganhos, e crescer, e melhorar de padrão de vida e proporcionar aos seus filhos melhores chances no futuro.

Fiquem certos de uma coisa: não há futuro para quem perdeu sua dignidade, e não há dignidade em um pai que não consegue sustentar sua família.

Se ele, o pai, perdeu a capacidade, que o Estado o ajude a reconquista-la; e não a substitua por uma esmola mensal.

Fica claro que o Estado atual, ao instituir o Bolsa Família, está comprando a dignidade de um pai sertanejo, e este se vende porque o Estado – a classe política - não cria outra alternativa.

O Rio Grande do Norte necessita de um governo que use o seu poder e a sua capacidade para desenvolver estudos científicos “in loco” e descobrir maneiras de recuperação de uma planta que é o tesouro do nordeste, criando e incentivando e desenvolvendo empresas técnicas de agricultura, tipo EMBRAPA, mas, estadual e ligada aos problemas locais, bem como cursos técnicos de agricultura.

Não há outra solução!

Sabem por que isto tudo não acontece? Sabem por que nenhum político está atrás de reencontrar o caminho da riqueza e da fartura neste Estado?

Porque não interessa a eles que o povo aprenda, que prospere, ou se instrua, ou cresça como cidadão, ou se desenvolva. Se fizerem tal coisa, o curral eleitoral deles definhará definitivamente para sempre!