quarta-feira, 17 de março de 2010

A corrupção grassa em Cuba.

[Transcrito e traduzido do blog Generación Y, editado bravamente por Yoani Sanchéz, uma cidadã cubana, residente na cidade de Havana, Cuba]

Um temporal de acontecimentos está caindo sobre Cuba. As primeiras gotas chegaram tão logo iniciou janeiro, com a morte por desnutrição e frio de várias dezenas de pacientes do Hospital Psiquiátrico de Havana. O aguaceiro de problemas piorou ao falecer Orlando Zapata Tamayo, empurrado até o verdadeiro fim pela desídia de seus carcereiros e a teimosia de nossos governantes. Sobreveio então a greve de fome do jornalista Guillermo Fariñas e com ela nossas vidas caíram no centro de um tornado político e social cujos ventos de furacão crescem a cada dia.


Paralelamente a essas tempestades, uma sequência de possíveis escândalos por corrupção está colocando em xeque o poder em Cuba. Segundo rumores, tem-se sabido de certos ministros com maletas de dólares escondidas em cisternas, de negociatas comerciais cujos dividendos vão para as mãos de poucos e fábricas de suco cujas enormes mais-valia são retiradas a toda a velocidade do país. Entre os implicados, parece haver homens que desceram da ‘Sierra Maestra’ e que enriqueceram outorgando licitações a empresários estrangeiros que lhes davam gordas comissões. O Estado tem sido saqueado pelo próprio Estado. O desvio de recursos chegou a níveis onde roubar um pouco de leite no armazém parece uma brincadeira de criança. Os donos do poder nesta Ilha pegam às mãos cheias e rapidamente, como se intuíssem que o temporal de hoje terminará por derrubar-lhes o teto sobre suas cabeças. Dá a impressão de que este país está em liquidação e muitos – a partir dos fardados em verde-oliva – aproveitam para levar o pouco que nos resta.

A imprensa, calada, embora continuando a nos falar de glórias passadas, de aniversários que acontecerão, afirma que a Revolução nunca esteve tão forte. Por detrás do palco, sucede-se uma série de expurgos e as auditorias palpam as vísceras de nossas finanças para determinar que nada é possível fazer diante do avanço da corrupção.
A geração dos históricos não somente nos assinalou o caminho da simulação, mas também semeou a idéia de que os cofres da nação se manejam como o bolso pessoal. As águas negras das misérias éticas e morais, que eles mesmos têm alimentado e propiciado, acabarão por afogar a nós todos.

Este é o fim que se aproxima para Cuba, depois que meia dúzia de espertalhões terem explorou e logrou a boa-fé da malfadada, descuidada e mal informada geração pós-Fulgêncio. Preparam o mesmo quadro agora para o Brasil. Para conseguí-lo, basta a desatenção e a indiferença de uma geração que não ame ao país e o entregue à sanha dos fanáticos e desumanos ativistas da esquerda.

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2 comentários:

  1. Spencer, o Estado parece não se o remédio do mundo... A esquerda já teve os exemplo que queriam, porque ainda insistem nisso cegamente?

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  2. Caro Leonardo!

    Não é o Estado que eles querem. É somente o Poder do Estado. Tão logo o conseguem, tornam-se piores do que todos, pois para eles não há segunda chance. Mas não são ingênuos não: eles sabem muito bem disso. Eles, os da "Nomenklatura", do Partido.

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