O jornalista espanhol Fernando Gualdone, do periódico El País, fez algumas considerações sobre as contradições da diplomacia brasileira sob o comando de Lula:
-fechou vultosos negócios comerciais com Cuba, mas ignorou a petição de dissidentes presos para que intercedesse junto aos irmãos Castro. Como salienta o jornal Estado de São Paulo, "Lula faz negócios sobre cadáveres".
- na Venezuela, apesar da grande influência sobre Chavez, jamais buscou aliviar a pressão sobre a oposição;
- gritou e esperneou por causa das bases americanas na Colômbia, mas nada disse sobre as ingentes compras de armamentos da Rússia pela Venezuela;
- no caso de Honduras, teve a primeira oportunidade de demonstrar sua influência fora da América do Sul, mas a crise só foi resolvida com a intermediação dos EUA;
- no Haiti as tropas brasileiras exercem o mandato da ONU, mas por ocasião do terremoto foram os EUA que mobilizaram milhares de soldados para organizar a chegada da ajuda humanitária;
- por enquanto, na América do Sul e Caribe, os resultados da política exterior do Brasil têm sobressaído mais pelos empréstimos do BNDES, pelas inversões da Petrobrás e da Construtora Odebrecht do que pela defesa das liberdades na América Latina;
- mesmo podendo pressionar Teerã para que seja transparente nos planos de desenvolvimento do programa nuclear, se esconde por detrás da “não ingerência” nos assuntos de outro país soberano;
A cautela pode ser compreensível, conclui o colunista, mas bem que Lula podia manter presente que sobre o Ministro da Defesa iraniano, Ahmad Vahidi, pesa uma ordem de captura da Interpol, solicitada pela Argentina, principal sócio comercial brasileiro no Cone Sul, pela sua suposta participação no atentado contra a sinagoga judia em 1994, em Buenos Aires, no qual morreram 85 pessoas. Para o jornalista espanhol, portanto, a “paciência estratégica”, que o Brasil diz usar, tem suas contradições.
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